Rússia anuncia retirada de parte dos militares da fronteira com a Ucrânia, que permanece cética

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Rússia anuncia retirada de parte dos militares da fronteira com a Ucrânia, que permanece cética

Kiev diz que 'só acredita vendo' em promessa de redução de tensões; Moscou já anunciou que removeria tropas outras vezes, sem reduzir forças

Porto Velho, RO - O governo da Rússia anunciou na manhã desta terça-feira a retirada de parte das tropas na fronteira com a Ucrânia. Em entrevista à agência Interfax, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, indicou que a medida ocorre após diversas unidades já terem completado suas missões durante treinamentos militares na região.

O anúncio, que ocorreu pouco antes da chegada do presidente Jair Bolsonaro a Moscou, foi feito um dia depois de a televisão russa exibir trechos de duas reuniões do presidente Vladimir Putin que pareceram indicar um recuo no cerco militar à Ucrânia.

— Unidades dos distritos militares do Sul e Oeste que completaram suas missões já começaram a embarcar no transporte ferroviário e automobilístico e começarão a retornar para suas guarnições hoje. Unidades separadas marcharão a pé como parte do comboio militar — disse Konashenkov.

Não está claro, porém, quantos soldados serão retirados. A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças. Uma grande quantidade dos soldados não está envolvida em exercícios formais.

O chanceler da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que só acreditará no que diz o Kremlin quando vir a retirada das tropas. Ele tambem pediu a saída de todos que os cerca de 130 mil soldados da fronteira, cerco que levou os países ocidentais a alertarem para uma invasão iminente do país.

— Temos uma regra: não acredite no que ouve, acredite no que vê — disse Kuleba a jornalistas. — Quando virmos uma retirada, vamos acreditar em uma redução de forças.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, disse perceber sinais de que "Moscou quer manter o diálogo" e que é possível ter um "otimismo cauteloso".

— Mas não vimos uma redução de forças na prática. Tudo ainda está no lugar para um novo ataque contra a Ucrânia — disse Stoltenberg, em referência à anexação da Crimeia em 2014.

O Ministério da Defesa russo divulgou um vídeo de alguns tanques russos e outras armas pesadas sendo carregadas em vagões ferroviários, informou o serviço de notícias Interfax. O próprio governo russo admite que a maioria das forças permanecem destacadas.

— As Forças Armadas russas continuam uma série de exercícios em larga escala para treinamento operacional de tropas. Praticamente todos os distritos militares, frotas e tropas aerotransportadas estão participando — informou Konashenkov.

O rublo subiu após o anúncio, o que indica a expectativa de investidores de uma atenuação do conflito. Nesta terça-feira, Putin tem reunião com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no Kremlin.
Visita de Bolsonaro

O anúncio russo ocorreu horas antes da chegada do presidente Jair Bolsonaro, que vinha sendo criticado por ter mantido a visita em meio à tensão. O encontro com Putin no Kremlin está previsto para esta quarta-feira, entre 13h e 15h no horário local.

Com a saída de parte dos soldados, a expectativa é de haja uma diminuição da pressão sobre a visita. Como havia um temor de auxiliares da Presidência de que a agenda bilateral com Putin pudesse ser mal avaliada pela Casa Branca, Bolsonaro foi aconselhado a pregar a paz e uma solução diplomática em todas suas declarações durante a estada em Moscou.

Diplomatas brasileiros argumentam que o convite de Putin foi feito antes mesmo da crise ganhar maiores proporções, lembrando repetidamente que os dois países têm relações comerciais que justificam o encontro.

Nas redes sociais, Bolsonaro publicou, pouco antes das 8h, que já estava em espaço aéreo russo. Ele também divulgou uma imagem mostrando a notícia do anúncio russo de retirada de parte das tropas.
Provocações e atenuação

O anúncio de uma redução de tensões levou outros representantes do governo russo a acusarem líderes do Ocidente de "histeria" por sugerir que uma guerra teria início na região. Foi o caso de Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

No Facebook, ela publicou: "15 de fevereiro de 2022 entrará para a história como o dia em que a propaganda de guerra ocidental falhou. Eles foram desonrados e destruídos sem que um único tiro fosse disparado".

Nesta segunda-feira, em uma conversa com Putin transmitida pela televisão e aparentemente roteirizada, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que parte das manobras militares realizadas por seu país com a Bielorrússia estavam sendo encerradas.

— Os exercícios militares aconteceram, parte deles está terminando. Outros vão continuar dada a magnitude desses exercícios que foram planejados e que começaram no início de dezembro — disse Shoigu.

Pouco antes, em outra conversa exibida na TV, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse apoiar a continuidade das negociações diplomáticas com o Ocidente sobre as “garantias de segurança” que a Rússia vem exigindo dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Putin foi mostrado perguntando a Lavrov se havia uma chance de chegar a um acordo para resolver as preocupações de segurança da Rússia ou se apenas aconteciam negociações infrutíferas, sem possibilidades reais de avanços.

— Já alertamos mais de uma vez que não permitiremos negociações intermináveis sobre questões que exigem uma solução hoje — respondeu Lavrov, antes de acrescentar. — Devo dizer que sempre há chances. Parece-me que nossas possibilidades estão longe de estarem esgotadas... Nesta fase, sugiro continuar e intensificá-las.

Fonte: O Globo

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