Resultado oficial foi anunciado pelo Conselho Superior Eleitoral do país. Turcos voltarão às urnas no dia 28 de maio. Pleito deste ano é a maior ameaça a Erdogan, há duas décadas no poder.
Porto Velho, RO - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais do país no próximo dia 28 de maio.
A confirmação de que haverá mais um turno, como vinha sendo apontado na contagem de votos, foi anunciada na manhã desta se00gunda-feira (15) pelo Conselho Superior Eleitoral da Turquia. O resultado , com 99,87% das urnas apuradas, foi o seguinte:
* Erdogan ficou em primeiro lugar, com 49,51% dos votos;
* Kilicdaroglu veio logo atrás segundo, com 44,88%, confirmando as previsões de uma disputa acirrada entre os dois candidatos;
* O terceiro colocado, o nacionalista Sinan Ogan, conquistou 5,17%, superando as expectativas. O apoio de Ogan pode ser definitivo para o segundo turno (leia mais abaixo).
O resultado, mesmo que ainda não definitivo, foi visto como uma vitória política para o atual presidente do país, que governa há 20 anos, pelos seguintes motivos:
* Ao longo da campanha eleitoral, pesquisas de intenção de voto indicavam um resultado ainda mais acirrado entre Erdogan e Kilicdaroglu - a margem foi maior que a prevista a favor do presidente turco;
O resultado, mesmo que ainda não definitivo, foi visto como uma vitória política para o atual presidente do país, que governa há 20 anos, pelos seguintes motivos:
* Ao longo da campanha eleitoral, pesquisas de intenção de voto indicavam um resultado ainda mais acirrado entre Erdogan e Kilicdaroglu - a margem foi maior que a prevista a favor do presidente turco;
* As eleições foram realizadas em um contexto desfavorável para Erdogan: além da inflação alta e a economia empacada, a opinião pública responsabilizou o líder turco pelo alto número de prédios que desabaram após o terremoto que atingiu o sul do país há três meses e deixou mais de 50 mil mortos - uma investigação posterior descobriu que o governo fez vista grossa para empreendimentos imobiliários que foram construídos sem cumprir o protocolo de prevenção em caso de tremores;
* Erdogan enfrenta um candidato apoiado por uma grande e diversa frente de partidos que se uniram em torno de Kilicdaroglu justamente para tentar acabar com as duas décadas do presidente turco no poder.
O segundo turno está marcado para 28 de maio, o que significa que os dois lados terão menos de duas semanas para aumentar suas porcentagens de voto.
Um nome chave na corrida eleitoral do segundo turno será o terceiro colocado. Sinan Ogan, político de direita e perfil nacionalista, disse que ainda avalia para quem tentará transferir seus mais de 5% de eleitores, uma quantidade que poderá definir o pleito.
Nesta segunda, Ogan afirmou que só apoiaria Kilicdaroglu caso ele abra mão de fazer concessões ao partido pró-curdo - os partidos de direita da Turquia costumam ser fortemente contra o movimento pela independência do Curdistão, região que abrange parte dos territórios turco e sírio.
Já Erdogan afirmou estar confiante pelo apoio de Ogan, que não deu nenhuma indicação disso.
Líder do conservador e religioso Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), Erdogan chegou ao poder em 2003, inicialmente como primeiro-ministro.
Em 2017, ele liderou a troca do regime político de parlamentarismo para o presidencialismo após sair vitorioso de uma tentativa de golpe de Estado, ocorrida em 2016. Desde então, venceu todas as eleições presidenciais.
Em declaração, Erdogan destacou o "entusiasmo dos eleitores", principalmente nas áreas mais atingidas pelo terremoto de 6 de fevereiro, que deixou pelo menos 50 mil mortos.
Rússia
A Rússia, aliada do governo de Erdogan, indicou nesta segunda-feira (15) que vai apoiar ambos os candidatos, apesar de o atual presidente turco ser um dos maiores apoiadores do líder russo, Vladimir Putin, no exterior.
Em declaração nesta manhã, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que seu país vai cooperar com qualquer um dos dois candidatos que vencerem as eleições na Turquia.
O oponente mais poderoso que Erdogan já teve
Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos, o líder da oposição, é um político secular de centro-esquerda. Ele é do Partido Republicano do Povo, mas lidera uma aliança de seis partidos para tentar vencer o atual presidente.
A aliança política que concorre pela oposição inclui islâmicos e nacionalistas. Ele conseguiu também o apoio do partido curdo, que tem cerca de 10% dos votos.
Entre as promessas, está a de desmobilizar o sistema presidencial que Erdogan instalou ao parlamentarismo.
Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos, o líder da oposição na Turquia, vota em uma seção eleitoral de Ankara neste domingo (14). — Foto: AP Photo
Por que Erdogan perdeu força
A economia da Turquia enfrenta problemas. A alta inflação – uma das mais altas no mundo, tendo passado de 80% em 2022 – tem corroído o poder de compra das famílias.
Além disso, o governo de Erdogan foi criticado pela reposta ao terremoto que atingiu o sul da Turquia e matou 50 mil pessoas no início de 2023. O governo foi acusado de ter liberado edifícios com projetos que não previam resistência a tremor de terra.
A campanha eleitoral atual é baseada em conquistas passadas, ele apresenta-se como o único político que pode reconstruir vidas após o terremoto de 6 de fevereiro no sul da Turquia, que destruiu cidades e matou mais de 50 mil pessoas.
Durante seus atos de campanha, Erdogan tentou retratar a oposição como conivente com “terroristas”, bem como com potências estrangeiras que desejam prejudicar a Turquia. Em uma tentativa de consolidar sua base conservadora, ele também acusou a oposição de apoiar os direitos LGBTQ e de serem bêbados.
Além disso, o presidente turco elevou gastos públicos antes das eleições e aumentou os valores do salário-mínimo e das aposentadorias.
O segundo turno está marcado para 28 de maio, o que significa que os dois lados terão menos de duas semanas para aumentar suas porcentagens de voto.
Um nome chave na corrida eleitoral do segundo turno será o terceiro colocado. Sinan Ogan, político de direita e perfil nacionalista, disse que ainda avalia para quem tentará transferir seus mais de 5% de eleitores, uma quantidade que poderá definir o pleito.
Nesta segunda, Ogan afirmou que só apoiaria Kilicdaroglu caso ele abra mão de fazer concessões ao partido pró-curdo - os partidos de direita da Turquia costumam ser fortemente contra o movimento pela independência do Curdistão, região que abrange parte dos territórios turco e sírio.
Já Erdogan afirmou estar confiante pelo apoio de Ogan, que não deu nenhuma indicação disso.
Líder do conservador e religioso Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), Erdogan chegou ao poder em 2003, inicialmente como primeiro-ministro.
Em 2017, ele liderou a troca do regime político de parlamentarismo para o presidencialismo após sair vitorioso de uma tentativa de golpe de Estado, ocorrida em 2016. Desde então, venceu todas as eleições presidenciais.
Em declaração, Erdogan destacou o "entusiasmo dos eleitores", principalmente nas áreas mais atingidas pelo terremoto de 6 de fevereiro, que deixou pelo menos 50 mil mortos.
Rússia
A Rússia, aliada do governo de Erdogan, indicou nesta segunda-feira (15) que vai apoiar ambos os candidatos, apesar de o atual presidente turco ser um dos maiores apoiadores do líder russo, Vladimir Putin, no exterior.
Em declaração nesta manhã, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que seu país vai cooperar com qualquer um dos dois candidatos que vencerem as eleições na Turquia.
O oponente mais poderoso que Erdogan já teve
Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos, o líder da oposição, é um político secular de centro-esquerda. Ele é do Partido Republicano do Povo, mas lidera uma aliança de seis partidos para tentar vencer o atual presidente.
A aliança política que concorre pela oposição inclui islâmicos e nacionalistas. Ele conseguiu também o apoio do partido curdo, que tem cerca de 10% dos votos.
Entre as promessas, está a de desmobilizar o sistema presidencial que Erdogan instalou ao parlamentarismo.
Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos, o líder da oposição na Turquia, vota em uma seção eleitoral de Ankara neste domingo (14). — Foto: AP Photo
Por que Erdogan perdeu força
A economia da Turquia enfrenta problemas. A alta inflação – uma das mais altas no mundo, tendo passado de 80% em 2022 – tem corroído o poder de compra das famílias.
Além disso, o governo de Erdogan foi criticado pela reposta ao terremoto que atingiu o sul da Turquia e matou 50 mil pessoas no início de 2023. O governo foi acusado de ter liberado edifícios com projetos que não previam resistência a tremor de terra.
A campanha eleitoral atual é baseada em conquistas passadas, ele apresenta-se como o único político que pode reconstruir vidas após o terremoto de 6 de fevereiro no sul da Turquia, que destruiu cidades e matou mais de 50 mil pessoas.
Durante seus atos de campanha, Erdogan tentou retratar a oposição como conivente com “terroristas”, bem como com potências estrangeiras que desejam prejudicar a Turquia. Em uma tentativa de consolidar sua base conservadora, ele também acusou a oposição de apoiar os direitos LGBTQ e de serem bêbados.
Além disso, o presidente turco elevou gastos públicos antes das eleições e aumentou os valores do salário-mínimo e das aposentadorias.
Tratores limpam destroços de prédios derrubados por terremotos em Antáquia, na Turquia — Foto: Thaier Al-Sudani/REUTERS
Política externa
As eleições na Turquia também prometem afetar a política externa do país — assunto que já está sob os holofotes há alguns meses.
Erdogan é um antigo aliado de Vladimir Putin, presidente da Rússia, e a forma como age (ou deixa de agir) perante a guerra na Ucrânia não tem agradado os colegas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), já que o grupo está do lado ucraniano.
Se Kilicdaroglu sair vitorioso, no entanto, este cenário pode mudar. Em mais de uma ocasião, o candidato afirmou ter interesse em fortalecer os laços do Estado turco com a Otan e, inclusive, acredita que o país deveria pleitear uma vaga na União Europeia.
Quanto à guerra russa na Ucrânia, Kilicdaroglu confirmou que, se eleito, irá impor sanções à Rússia, algo que Erdogan pouco fez até agora. Isso isolaria Moscou ainda mais no cenário internacional e poderia ter desdobramentos importantes, segundo os especialistas.
Fonte: G1
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