Estudo eleborado pela CNI revela que o Brasil tem um potencial enorme de exploração de energia eólica, com capacidade de até 700 gigawatts
Porto Velho, RO - Apesar de a energia eólica ser mais associada ao vento, a produção desse tipo de energia limpa também ficará atrelada também aos mares. É que as usinas eólicas fora de terra firme – as offshore – têm o potebcial de fazer o Brasil experimentar um aumento de 3,6 vezes na capacidade de produção de energia elétrica, conforme aponta o estudo Oportunidades e Desafios para Geração Eólica Offshore no Brasil e a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O estudo foi lançado na última terça-feira (12/9), em Brasília, durante o evento Diálogo Pré-COP 28: O Papel da Indústria na Agenda de Clima, que buscou debater os assuntos da Conferência da Organização Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climática (COP), que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano.
A expectativa é que as usinas eólicas offshore – aquelas cuja fonte de energia é obtida através da força do vento em alto-mar – estimulem a transição na produção de energia renovável. O estudo divulgado pela CNI revela que o Brasil tem um potencial enorme de exploração de energia eólica, com capacidade de até 700 gigawatts (gw) – valor superior ao registrado no mundo em 2021, com 55,9 gw.
Esse número é 3,6 vezes maior que a capacidade total de energia elétrica já instalada no Sistema Interligado Nacional, que abarca 194 gw.
Atualmente, o Brasil conta com mais de 26 gigawatts (gw) de capacidade energética instalada só na parte eólica, graças aos mais de 900 parques eólicos distribuídos em 12 estados. Esse número representa mais de R$ 200 bilhões investidos, durante mais de uma década, segundo informações do Ministério de Minas e Energia (MME).
Questionado, o MME destacou que os números da indústria eólica impressionam principalmente pelo que representam na redução das desigualdades regionais, já que os parques eólicos trazem renda para milhares de famílias, em especial na Região Nordeste e no norte de Minas Gerais.
Expansão: oportunidade e desafio
A implementação e expansão da energia eólica offshore são consideradas um desafio repleto de oportunidades, segundo o engenheiro civil-hidráulico Miguel Fernandez, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “É um desafio, de ordem operacional-econômica, que pode ser muito interessante dependendo de como for solucionada e integrada as oportunidades que surgirem”, afirma.
Segundo Fernandez, o descomissionamento – quando algo é desativado ou dividido em partes menores – das plataformas de petróleo pode ser uma oportunidade, já que podem ser recomissionadas em energia eólica offshore.
Geração de energia a partir dos ventos Pixabay
Placas de energia solar e estações de energia eólica Zhongguo/GettyImages
“A situação mais interessante é com a necessidade de descomissionamento de plataformas de petróleo em virtude do fim da exploração de áreas que, hoje, estão aí chegando em seu término de disponibilidade de extração e, ao invés de serem removidas do seu local, o que gera um grande custo, podem ser recomissionadas para gerar energia eólica”, explica o engenheiro.
“É uma solução interessante, porque você mantém a vida marinha viva, formada em torno das plataformas, e dá uma nova finalidade para aquele investimento. É uma solução que merece e deve ser estudada, que teria bastante corporação integrada junto com a geração de energia eólica. Só que, no caso, ao invés de ser em terra, como geralmente se encontra, é em alto-mar”, completa.
Ao todo, em torno de 30 plataformas devem ser recomissionadas pela Petrobras nos próximos anos em todo o país e isso pode oferecer a oportunidade necessária de expansão da energia eólica offshore, segundo Fernandez. “São pontos que podem ter bastante viabilidade econômica e técnica para se tornarem espaços de energia eólica em alto-mar”, ressalta.
Marco legal das offshores
Quando perguntado sobre como o governo federal tem atuado em busca da ampliação da energia em questão, o MME afirmou ao Metrópoles que pretende continuar a investir em energia limpa e renovável e que luta em prol do instituição e avanço de um possível marco legal para as eólicas offshore.
“O objetivo é que o país mantenha a capacidade de integrar as fontes renováveis, com segurança energética, qualidade no suprimento e tarifa justa para o consumidor”, respondeu o MME ao Metrópoles. “O MME tem atuado na articulação junto ao Congresso Nacional para avançar nas tratativas para a instituição de um marco legal para as eólicas offshore”, revelou.
O ministro de MME, Alexandre Dilveira, atua diretamente pela articulação do marco legal para exploração das eólicas offshore.
“Tenho atuado diretamente na articulação junto ao Congresso Nacional para avançarmos, enfim, nas tratativas para a instituição de um marco legal para as eólicas offshore. Temos que urgentemente derrubar barreiras ao desenvolvimento dessa nova fronteira das energias renováveis no Brasil, trazendo segurança jurídica para o processo de cessão de áreas e avanço dos estudos e projetos”, ressaltou o ministro, durante a 14ª edição do Brazil Wind Power (BWP) em São Paulo, na terça-feira (12/9).
Ao todo, são 80 projetos que estão em processo de licenciamento ambiental e que podem produzir 200 gw de energia. “Queremos que o potencial brasileiro de 200 gwde eólicas offshore produzam energia limpa para o mundo, nos ajudando a transformar o Brasil”, afirmou.
Silveira se refere aos dados de potencial de geração de energia de 189 gw das usinas eólicas no mar. Ao todo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tinha compilado 78 pedidos de licenciamento desse setor, até agosto.
Fonte: Metrópoles
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