Professora aposentada é contratada em novo emprego aos 71 anos após requalificação: ‘Voltei à realidade’

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Professora aposentada é contratada em novo emprego aos 71 anos após requalificação: ‘Voltei à realidade’


Número de trabalhadores acima de 50 anos dobrou no Brasil em 15 anos

Porto Velho, RO - Depois de 45 anos trabalhando como professora de ensino fundamental na rede municipal de São Paulo, Ana Cristina de Andrade Silva se aposentou. Na época, com 65 anos, ela relembra que “foi uma festa”. Mas com a perda da rotina, ela se cansou e resolveu entrar em cursos para se requalificar. Agora, com 73 anos, trabalha como revisora em home office e lidar com as novas tecnologias acabou sendo mais fácil do que parecia, conta.

“Eu estava com uma vida bem preenchida, tenho muitos amigos, amigas… Mas, mesmo assim, eu sentia que faltava alguma coisa que preenchesse minha mente”, diz Ana Cristina em entrevista ao Terra. Foi com a ajuda de cursos gratuitos que encontrou pela cidade que ela se requalificou e teve a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho aos 71 anos.

Ter sido a escolhida entre os outros profissionais no processo seletivo que fez a deixou muito feliz. “Eu voltei à realidade”, acredita. Agora, diferente do agito das salas de aula, ela trabalha de casa fazendo a revisão de textos publicitários na agência de publicidade All Set, uma das pioneiras certificadas como Empresa B - movimento de iniciativas que se comprometem com um sistema mais inclusivo, equitativo e regenerativo para as pessoas e o planeta, atuando em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Tudo é remoto e, apesar de no começo ter sido difícil lidar com as ferramentas tecnológicas das quais não tinha costume de usar, depois ela começou a tirar de letra. “Eu pensei em desistir, mas todos me acolheram e me ensinaram muito”, relembra, também reconhecendo aprender muito com a troca que tem com os membros de sua equipe, de idades variadas.

“Foi muito bom para mim ter esse contato com os mais jovens, esse contato com as novas tecnologias, com as novas linguagens. Tudo me faz sentir no mundo real. Acho que se eu tivesse aposentada, saindo tomar café com as amigas, fazendo meus cursos, eu não estaria assim tão inserida no que está ocorrendo. Isso é muito bom”, conta, realizada com a nova rotina.

Fluxo de requalificação

Ana Cristina é uma das pessoas acima dos 50 anos que retomaram aos postos de trabalho. Isso porque, em 15 anos - de 2006 a 2021 -, o número de trabalhadores acima dos 50 anos dobrou no Brasil.

Segundo a pesquisa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicada neste ano, em 2006 eram 4,4 milhões de trabalhadores acima de 50 anos. Já em 2021 passaram a ser 9,3 milhões, representando um aumento de mais de 100%.

No caso de Ana Cristina, esse retorno ao mundo do trabalho não se deu por conta de uma necessidade financeira, mas, sim, pela satisfação de estar ativa, como frisa. Mas essa não é a regra.

O mentor em liderança e cultura organizacional Sandro Magaldi, referência na área de gestão como coautor das obras ‘Liderança Disruptiva’ e ‘Gestão do Amanhã’, analisa que há essa duas dimensões em torno dos dados do aumento de profissionais acima dos 50 anos no mercado de trabalho: a da necessidade e a psicológica. “As duas têm impactos”.

“Cada vez menos o trabalho ocupa um papel central na vida das pessoas, mas ainda em toda geração que está por vir, que teve o trabalho como identidade. E aí, como fica, quando eu não tenho mais meu sobrenome corporativo? Quando eu não tenho mais ocupação?”, comenta.

Em meio a isso, para Magaldi, é importante tanto que estas pessoas busquem por requalificação profissional, quanto que as empresas não discriminem esses trabalhadores por suas idades e reconheçam seus valores.


Para o especialista, urge a necessidade de um programa abrangente de requalificação de trabalhadores no BrasilFoto: Arquivo Pessoal

Quando o assunto é questão empresarial, a contratação de pessoas acima dos 50 anos, para o especialista, pode inclusive auxiliar na questão do desemprego funcional, que ele considera ser um dos maiores paradoxos da atualidade. Além disso, há também o valor da diversidade no ambiente de trabalho que faz com que todos ganhem.

“Nós temos uma taxa de desemprego ainda em níveis altos no Brasil. Porém, há um desemprego funcional dentro das organizações enorme porque as empresas têm vagas que não conseguem ser preenchidas. As empresas não vão poder preterir do capital intelectual de pessoas com maior faixa etária apenas e tão somente devido à sua faixa etária”, reforça.

Fonte: Terra.com

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