Médico proctologista Paulo Augusto Berchielli está foragido; quatro vítimas já formalizaram denúncias contra ele por estupro
Porto Velho, RO - O médico proctologista Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos, tentou comprar por R$ 20 mil o silêncio de uma enfermeira que o acusa de estupro, segundo depoimento de um sobrinho da vítima à polícia, em agosto do ano passado. O crime teria ocorrido na clínica de Berchielli, no Tatuapé, zona leste de São Paulo.Ainda segundo o depoimento, obtido pelo Metrópoles, Berchielli (foto em destaque) também teria dito que o ato sexual praticado após a cirurgia de hemorroida que ele realizou na paciente foi com o “consentimento” da vítima, que tem 47 anos. A mulher estava sob efeito de anestesia.
O sobrinho da enfermeira que teria sido estuprada também foi paciente do proctologista. Berchielli teve a prisão decretada pela Justiça de São Paulo e estava foragido até a noite dessa quarta-feira (25/10). Até o momento, quatro vítimas registraram denúncias de crimes sexuais contra ele.
“O investigado questionou se não teria outra forma de resolver [o estupro], propondo um acordo extrajudicial, oferecendo a quantia de R$ 20 mil, visto que teria ocorrido o ato com consentimento da vítima e não teria nada para provar”, diz trecho do depoimento.
O sobrinho da enfermeira teria sido procurado por telefone, no dia seguinte, com nova tentativa de “acordo”. Ele reiterou que não se interessava e que medidas judiciais já estariam em curso contra o médico.
Segundo o inquérito policial, o advogado da enfermeira também foi procurado pelo defensor do médico. Ao Metrópoles ela disse que lhe foi oferecido R$ 65 mil para não levar a denúncia adiante. “Eu não quero dinheiro, eu quero esse monstro na cadeia”, frisou a vítima.
Até a publicação desta reportagem, o registro profissional de Berchielli continuava ativo no site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Ao Metrópoles a entidade informou que investiga o proctologista.
Registro profissional de médico suspeito de estupro segue ativo no Cremesp
Sequelas
A enfermeira acrescentou que o abuso foi concretizado no mesmo local onde havia sofrido a cirurgia. Após ir para casa, em uma sexta-feira, ela só acordou no domingo, por causa do excesso de medicamentos administrados. Quando despertou, a vítima sentiu fortes dores no ânus.
Por causa disso, ela não consegue se segurar para defecar, precisando usar fraldas nos momentos em que sai de casa. “Ele [abuso sexual] mudou toda a minha vida. Fico muito em casa agora. Fui demitida e só saio de casa para ir à faculdade, quando uso fralda. Passo por esse constrangimento.”
A enfermeira diz que começou a estudar direito motivada pelo crime que sofreu. Ela afirma que, ao se tornar advogada, pretende promover justiça contra pessoas como o médico que a estuprou.
O abuso
A enfermeira relatou ao Metrópoles que foi estuprada pelo cirurgião logo depois de ser submetida a uma cirurgia de hemorroida.
“Eu estava ainda grogue, por causa da anestesia. Mas lembro, em flashs, dele me colocando de bruços na maca e minha cabeça batendo na parede. Vomitei. Depois de um tempo, vi que ele limpava o pênis em uma pia ao lado da maca.”
Berchielli foi denunciado pelo promotor de Justiça Daniel Magalhães Albuquerque Silva, em 9 de agosto, e recebido pelo juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
O advogado Daniel Bialski afirmou, em nota enviada ao Metrópoles, que o médico refuta e nega as acusações de estupro. O defensor disse ainda ter firme convicção de que a inocência do cirurgião “será comprovada durante o processo”.
“Declaramos, ainda, que sua atuação sempre se pautou pela ética e respeito a seus pacientes, sendo reconhecido pela reputação ilibada conquistada ao longo dos mais de 40 anos de carreira, na qual atendeu e realizou procedimentos em milhares de pacientes, sem qualquer intercorrência ou acusação semelhante”, disse.
Bialski teve um pedido de habeas corpus negado pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 6 de setembro.
O Cremesp afirmou investigar o cirurgião, “sob sigilo determinado por lei”. “O Conselho esclarece, ainda, que, até o momento, não foi notificado oficialmente sobre o mandado de prisão.”
Fonte: Metrópoles
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