Militares relatam as situações congelantes do ano passado e buscam formas de enfrentar as baixas temperaturas no front
Porto Velho, RO - Em um abrigo com aquecimento, perto do front leste da guerra da Ucrânia, o soldado Dmytro aponta um rato que pouco depois desaparece sob um plástico colado nas paredes e no teto.
"Não lembro de ter visto tantos ratos no inverno passado. Neste ano são muitos", comenta o soldado, de 36 anos, que opera um lança-foguetes BM-21 GRAD.
A unidade de Dymtro está estacionada perto de Bakhmut, uma das frentes de batalha mais ativas da guerra, 22 meses após a invasão russa.
O refúgio, construído em uma floresta e de apenas 20 metros quadrados, tem beliches, uma cozinha e um pequeno sistema de calefação, que funciona a diesel. Também há energia elétrica graças às baterias dos veículos.
A temperatura no abrigo é de quase 20 graus, enquanto do lado fora é de quase zero, com o céu nublado.
No domingo (19) à noite, caíram os primeiros flocos de neve, sinal da chegada do inverno. Este será o segundo inverno consecutivo para Dmytro e seus colegas na frente de batalha.
O primeiro foi difícil, mas de lá para cá eles aprenderam e se organizam melhor, em particular com a instalação da calefação.
No ano passado, "eu fiquei congelado como um cachorro. Quando deixei a frente de batalha e cheguei em casa, eu vesti tudo o que consegui: três calças, várias jaquetas", recorda o soldado.
"Nós estávamos sempre prontos para a batalha, atirávamos constantemente, o dia inteiro. Estava muito frio", relata.
Na época, os militares permaneceram em suas posições em tempo integral, sem outro abrigo que as trincheiras lamacentas ou congeladas.
Cabos afetados
Um ano depois, Bakhmut está sob controle russo após uma longa e violenta batalha. A unidade mudou de posição e dispara com menos frequência devido à falta de foguetes.
Agora, os soldados permanecem no refúgio com calefação e protegidos das bombas e dos drones explosivos. Eles só disparam contra alvos específicos e de uma área que fica a centenas de metros de sua pequena base.
No abrigo, três ratos mortos estão presos em uma armadilha.
"O problema é que eles comem os cabos", incluindo o que permite acesso à internet através da rede de satélites Starlink, afirma Volodimir, 45 anos, comandante da unidade.
"Minha esposa comprou este suéter para mim no mês passado, e um rato já começou a comer a roupa", conta Dmytro, sorridente.
Além do frio e dos roedores, o inverno significa que as árvores não têm folhagem e não servem como esconderijo das câmeras dos drones inimigos.
As estradas também se tornam muito escorregadias, e os veículos ficam presos na lama.
A poucos quilômetros de distância, perto de Bakhmut, o doutor Osmak, seu codinome militar, também se prepara para o inverno.
Ele coordena um centro que atende os soldados feridos e os estabiliza, no térreo de um prédio em construção. O local tem várias salas com isolamento para evitar o frio.
Além de um fogão a lenha, também foram instalados aquecedores de automóvel em alguns quartos.
No inverno do ano passado, "foi muito mais difícil trabalhar porque não tivemos tempo para nos equiparmos de maneira adequada. Trabalhamos no frio", recorda o médico.
Agora, na sala de tratamento, a temperatura é "agradável", 28º, 29º ou 30ºC", explica. A energia elétrica procede de um grande gerador posicionado no lado de fora do centro médico.
Fonte: R7
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