
Oficiais ocidentais preveem que sem apoio dos EUA, os ucranianos vão ficar sem munição para se defender
Porto Velho, RO - Enquanto um pacote de ajuda à Ucrânia continua estagnado no Congresso americano, os Estados Unidos e os seus aliados estão avaliando o que descrevem como o impacto potencialmente enfraquecedor na defesa da Ucrânia e nas perspectivas a longo prazo de perder a guerra, disseram várias autoridades dos EUA e europeus à CNN.
“Não há garantia de sucesso conosco, mas certamente fracassarão sem nós”, disse uma autoridade do alto escalão militar dos EUA.
A preocupação mais imediata é o impacto na contraofensiva em curso da Ucrânia no leste e no sul, onde as forças ucranianas têm lutado para fazer progressos significativos, mesmo quando ainda havia ajuda dos EUA. “Se pretende tomar e manter mais território, é difícil ver como isso poderia ter sucesso sem o apoio contínuo dos EUA”, disse um diplomata europeu.
De modo geral, as autoridades ocidentais temem que a perda ou um novo atraso no apoio dos EUA tenha impacto na ajuda dos seus aliados. Na sexta-feira (15), a Ucrânia sofreu outro golpe quando a Hungria bloqueou mais ajuda da União Europeia, embora as conversas sobre o assunto devam ser retomadas em janeiro. As notícias sublinharam o tamanho do desafio que Kiev enfrenta e muitos temem que, se os EUA não continuarem a fornecer apoio, as nações europeias farão o mesmo.
“Se não fizermos”, disse o deputado democrata Mike Quigley, que copreside o Congressional Ukraine Caucus, “os nossos aliados também não farão”.
Agora, as agências de inteligência ocidentais estão calculando quanto tempo a Ucrânia poderia resistir sem a ajuda dos EUA e da Otan. Um funcionário sênior militar dos EUA estimou meses, com o pior cenário possível de um revés significativo ou mesmo derrota até o verão. Uma vitória russa não seria apenas uma notícia terrível para a Ucrânia, seria um desastre para a segurança europeia em geral e um grande golpe para os EUA.
Questionado sobre o atraso contínuo na ajuda dos EUA, a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, disse à CNN em Bruxelas: “Não podemos falar sobre o cansaço da guerra nesse momento porque se o fizermos e cedermos, Putin vencerá e isso significará uma catástrofe para todos. Isso significará mais conflitos, mais guerras, mais escassez de abastecimento alimentar, todas as diferentes preocupações que isso acarreta. É por isso que temos que fazer um esforço agora”.
As forças ucranianas já estão racionando munições, disseram autoridades americanas e ucranianas à CNN, enquanto as forças russas revidam em uma proporção de cinco a sete vezes maior do que as forças ucranianas são capazes. Uma autoridade do alto escalão militar ucraniano disse à CNN que os comandantes ucranianos acreditam que o impacto no seu poder de fogo levou a mais baixas ucranianas.

Sem ajuda adicional dos EUA, as autoridades ocidentais avaliam que a Ucrânia ficaria primeiro sem mísseis de longo alcance, depois sem mísseis de defesa aérea e, mais tarde, sem munições de artilharia e mísseis de curto alcance, como os mísseis antitanque Javelin disparados pelo ombro e os mísseis antiaéreos Stinger.
Cada categoria de munição tem sido crucial para a defesa da Ucrânia. Os mísseis de longo alcance, como os mísseis de cruzeiro Storm Shadow fornecidos pelo Reino Unido, têm sido fundamentais para o sucesso da Ucrânia em fazer recuar a frota russa do Mar Negro, centenas de quilômetros para abrir um corredor de transporte para grãos e outros fornecimentos.
Os mísseis de defesa aérea se revelaram particularmente essenciais nas últimas semanas, à medida que a Rússia expandiu os seus ataques às infraestruturas civis nesse inverno. A CNN noticiou no início deste mês que a inteligência ocidental esperava uma expansão de tais ataques, em um esforço de Moscou para quebrar a luta dos ucranianos.
Os mísseis de menor alcance permitiram às forças ucranianas se defenderem contra tanques e aviões russos, que superam em muito os seus próprios.
As avaliações sobre o que uma derrota ucraniana significaria para a Europa estão causando profundos receios entre alguns dos aliados europeus mais próximos dos EUA.
“Não creio que as pessoas percebam totalmente o que a queda da Ucrânia realmente significaria”, disse um diplomata europeu. “Veríamos coisas horríveis: limpeza étnica e destruição total da Ucrânia. Lembre-se do que eles fizeram em Bucha. Então, já é um sucesso se conseguirmos evitar que isso aconteça. E é por isso que devemos continuar”.
Fonte: CNN Brasil
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