MPF concordou com soltura dos homens após quase um mês da prisão; viagens ao Líbano motivaram a investigação
Porto Velho, RO - A Justiça Federal mandou soltar dois homens que estavam presos preventivamente na investigação da Polícia Federal (PF) sobre uma rede de brasileiros que teriam sido cooptados pelo Hezbollah, grupo paramilitar xiita do Líbano.
Um mês após as prisões, a própria PF pediu que eles fossem colocados em liberdade. O Ministério Público Federal (MPF) concordou. Os alvarás foram expedidos pela juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, nesta terça-feira (5).
A investigação foi aberta em outubro, depois que a Polícia Federal recebeu um memorando da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, por meio do Escritório do Adido Legal do FBI, alertando para as suspeitas de ligação entre brasileiros e terroristas.
A investigação citava cinco homens. Um libanês naturalizado brasileiro; um sírio naturalizado brasileiro, dono de tabacarias em Belo Horizonte; e três brasileiros que viajaram para o Líbano.
"O FBI identificou viagem suspeita ao Líbano de um pequeno grupo de indivíduos possivelmente envolvidos em atividades criminosas no Brasil, tais como atividades criminosas, tráfico de drogas, e potencialmente atividades terroristas", dizia o documento.
"O FBI acredita que uma investigação dos indivíduos mencionados iria revelar uma rede de atividades criminosas ao redor do mundo", sugere o ofício.
O inquérito, conduzido pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda, investiga se os brasileiros têm conexão com organizações terroristas e se estavam envolvidos em planos de atentados.
"Conforme a comunicação de fato, tais indivíduos teriam se deslocado recentemente para o Líbano, onde permaneceram poucos dias e retornaram ao Brasil, o que, considerando a rotina, situação financeira e falta de conexão com o país estrangeiro, levantam suspeitas sobre a licitude das viagens", diz um trecho da portaria que instaurou o inquérito.
O sírio dono de tabacarias em Belo Horizonte, apontado como elo entre o Hezbollah e os brasileiros investigados, está na lista de difusão vermelha - mais procurados - da Interpol. Segundo investigadores, ele estaria no Líbano.
Depoimentos
Os brasileiros foram presos na Operação Trapiche. Um brasileiro, de 35 anos, que trabalha como autônomo, foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando voltava do Líbano.
Outro, um técnico em plásticos, de 38 anos, foi preso próximo a um hotel onde estava hospedado no centro da capital paulista, um músico foi detido no Rio de Janeiro. Todos negaram envolvimento no planejamento de atos terroristas.
O autônomo narrou que viajou ao Líbano porque recebeu uma proposta de "crescimento de negócio". Ele trabalha com regularização de imóveis, corretagem e venda de grãos, segundo relatou na audiência de custódia. A defesa dele entrou com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso ao inquérito.
O músico disse aos investigadores que viajou com despesas pagas por libaneses que conheceu em um casamento no Alto da Boa Vista, na zona oeste do Rio de Janeiro, e que se "interessaram por sua música". Ele afirmou que a viagem foi um "intercâmbio musical".
O técnico em plásticos afirmou que vive uma rotina de viagens de trabalho, sem qualquer ligação com grupos extremistas.
A reportagem tenta contato com a defesa dos investigados.
Relembre o início da operação:
Porto Velho, RO - A Justiça Federal mandou soltar dois homens que estavam presos preventivamente na investigação da Polícia Federal (PF) sobre uma rede de brasileiros que teriam sido cooptados pelo Hezbollah, grupo paramilitar xiita do Líbano.
Um mês após as prisões, a própria PF pediu que eles fossem colocados em liberdade. O Ministério Público Federal (MPF) concordou. Os alvarás foram expedidos pela juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, nesta terça-feira (5).
A investigação foi aberta em outubro, depois que a Polícia Federal recebeu um memorando da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, por meio do Escritório do Adido Legal do FBI, alertando para as suspeitas de ligação entre brasileiros e terroristas.
A investigação citava cinco homens. Um libanês naturalizado brasileiro; um sírio naturalizado brasileiro, dono de tabacarias em Belo Horizonte; e três brasileiros que viajaram para o Líbano.
"O FBI identificou viagem suspeita ao Líbano de um pequeno grupo de indivíduos possivelmente envolvidos em atividades criminosas no Brasil, tais como atividades criminosas, tráfico de drogas, e potencialmente atividades terroristas", dizia o documento.
"O FBI acredita que uma investigação dos indivíduos mencionados iria revelar uma rede de atividades criminosas ao redor do mundo", sugere o ofício.
O inquérito, conduzido pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda, investiga se os brasileiros têm conexão com organizações terroristas e se estavam envolvidos em planos de atentados.
"Conforme a comunicação de fato, tais indivíduos teriam se deslocado recentemente para o Líbano, onde permaneceram poucos dias e retornaram ao Brasil, o que, considerando a rotina, situação financeira e falta de conexão com o país estrangeiro, levantam suspeitas sobre a licitude das viagens", diz um trecho da portaria que instaurou o inquérito.
O sírio dono de tabacarias em Belo Horizonte, apontado como elo entre o Hezbollah e os brasileiros investigados, está na lista de difusão vermelha - mais procurados - da Interpol. Segundo investigadores, ele estaria no Líbano.
Depoimentos
Os brasileiros foram presos na Operação Trapiche. Um brasileiro, de 35 anos, que trabalha como autônomo, foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando voltava do Líbano.
Outro, um técnico em plásticos, de 38 anos, foi preso próximo a um hotel onde estava hospedado no centro da capital paulista, um músico foi detido no Rio de Janeiro. Todos negaram envolvimento no planejamento de atos terroristas.
O autônomo narrou que viajou ao Líbano porque recebeu uma proposta de "crescimento de negócio". Ele trabalha com regularização de imóveis, corretagem e venda de grãos, segundo relatou na audiência de custódia. A defesa dele entrou com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso ao inquérito.
O músico disse aos investigadores que viajou com despesas pagas por libaneses que conheceu em um casamento no Alto da Boa Vista, na zona oeste do Rio de Janeiro, e que se "interessaram por sua música". Ele afirmou que a viagem foi um "intercâmbio musical".
O técnico em plásticos afirmou que vive uma rotina de viagens de trabalho, sem qualquer ligação com grupos extremistas.
A reportagem tenta contato com a defesa dos investigados.
Relembre o início da operação:
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