Porto Velho, RO - A renúncia de Joe Biden muda o cenário da eleição, mas não o que as pesquisas apontam – o favoritismo de Donald Trump. O caminho de Trump até a vitória, de toda maneira, poderá se tornar mais íngreme. Ele pretendia transformar a eleição em um plebiscito sobre Biden e seu governo. Não poderá fazê-lo com a escolha de outro nome para candidato do Partido Democrata.
Nem mesmo se o candidato for Kamala Harris, vice de Biden. Os americanos sabem muito bem que o vice-presidente não governa. O vice de Trump não governou, como Biden tampouco, enquanto foi por oito anos vice de Barack Obama. Vice é apenas uma expectativa de poder, ou nem isso. Aqui, Michel Temer queixou-se de ser um vice decorativo da presidente Dilma Rousseff.
De resto, Kamala, em 2019, disputou com Biden a indicação para presidente. Boa parte dos americanos não esqueceu os duros ataques dirigidos por ela contra Biden. Com isso, Kamala credenciou-se para ocupar a vaga de vice. Uma vez no exercício do cargo, comportou-se com muita discrição e pouco brilho. Mas se mesmo assim, Biden a elogiava, agora não poderia negar-lhe apoio.
Os democratas querem crer, mas se não creem de verdade, começam a dizer, que a retirada da candidatura de Biden zera o jogo. Não zera. Trump está em campanha desde que foi obrigado a abandonar a Casa Branca há quatro anos. Governar desgasta, e Biden provou isso na pele. O atentado que sofreu e que por um triz não lhe tirou a vida conferiu a Trump a aura de um quase mártir. Ou de um novo messias.
A eleição até ontem era sobre Biden, sua idade e suas mazelas. Daqui por diante, se depender do Partido Democrata, será sobre Trump, seus crimes e a ameaça que ele representa para a mais antiga democracia do mundo. Derrotar Trump significará um prodígio que entrará definitivamente para a história dos Estados Unidos e do candidato que o conseguir.
Fonte: Metrópoles
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